Conclave - Crítica

28 de fevereiro de 2025Imagem principal

Conclave, dirigido por Edward Berger, é uma imersão tensa e envolvente nos bastidores do Vaticano, onde, após a morte do papa, cardeais de todo o mundo se reúnem para escolher o novo líder da Igreja Católica. Adaptado do livro de Robert Harris, o filme mistura política, fé e ambição de forma habilidosa, criando um thriller psicológico que vai muito além de uma simples eleição religiosa.

No centro da trama está o cardeal Thomas Lawrence, vivido de forma brilhante por Ralph Fiennes. Lawrence é o encarregado de organizar o conclave, mas se vê preso entre a fé que ainda nutre e a pressão política que vem com a tarefa de escolher o novo líder da Igreja Católica. A atuação de Fiennes é o ponto alto do filme, transmitindo, com olhares e gestos, a luta interna de um homem que se vê no epicentro de uma batalha de poder, sem querer estar ali. Fiennes entrega uma performance intensa, sustentando toda a tensão da narrativa.

Edward Berger, diretor conhecido por seu trabalho em Nada de Novo no Front (2023), mantém a tensão do início ao fim com uma direção precisa em Conclave. Ele sabe como construir o suspense psicológico, explorando os ambientes sombrios e silenciosos do Vaticano. A fotografia de Stéphane Fontaine destaca tanto a grandiosidade do Vaticano quanto a claustrofobia que cerca os cardeais enquanto fazem suas escolhas. A música, com seu tom intenso, também ajuda a construir uma sensação de urgência, como se cada momento fosse crucial.

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Apesar da habilidade de Berger em construir a tensão, o filme não é um thriller de ação tradicional. O suspense se desenvolve de forma mais lenta, alimentado por conversas sutis e dinâmicas de poder entre os cardeais. Isso pode ser um ponto de desconforto para quem espera um ritmo mais acelerado, mas para quem aprecia uma narrativa mais introspectiva, funciona muito bem. O roteiro de Peter Straughan é inteligente e bem escrito, equilibrando drama psicológico e críticas sociais de forma eficaz.

O filme também toca em temas relevantes sobre o conservadorismo da Igreja Católica e o papel das mulheres na Igreja, com destaque para a participação da irmã Agnes (interpretada por Isabella Rossellini). Esses temas contemporâneos são abordados de forma inteligente, acrescentando profundidade à trama e enriquecendo a discussão sobre as questões atuais dentro da Igreja.

No geral, Conclave é mais do que um simples thriller político. Ele questiona o poder, a moralidade e os conflitos humanos dentro de uma das instituições mais influentes do mundo. A atuação de Fiennes, a direção de Berger e os elementos políticos e filosóficos fazem de Conclave uma experiência cinematográfica única. É uma história instigante, bem construída e com um final que subverte as expectativas.

Avaliação: 4,5 / 5 ⭐



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